POR UMA RUA ESTREITA.



Andava por uma rua estreita, destas que parecem terem sido abertas como atalhos para vidas pequenas e de corpos infelizes, inexpressivos, sem vontades ou perspectivas do amanhã.
Caminhava por uma ruela de solidão da alma e de uma vida que não acreditava mais nos arco-íris das possibilidades de uma felicidade plena e que, pudesse vir embrulhada para presente e entregue pelo carteiro da sua imaginação na sua casa agora, desencantada pelas ruínas do abandono.
Estava sôfrego e respirava como se aquela fosse a última, antes da inevitável parada de todos os seus sinais vitais que o mantinham ainda de pé no mundo que tinha um céu sombrio e com nuvens tão ameaçadoras de infelicidades que, se caíssem sobre sua cabeça o inundariam do seu próprio desejo de afogado nelas. Como se a natureza viesse a lhe prestar um favor, um derradeiro favor em vida.
Seus pés pesavam toneladas de desmotivações e suas pernas balançavam sem sentindo e ali estava um ser humano pego pelo inesperado do desamor que, agora lhe fizera uma surpresa.
Sentou-se no meio fio e olhou fixamente para um muro e observou que, entre as fendas de cimento quebrado nascia uma plantinha, muito verde, de aspecto forte e na sua ponta algo como um pequeno botão ainda em formação e que, certamente, dentro de algum tempo iria explodir em flor.
Que extraordinário, pensou. Como poderia aquele mínimo arbusto vigoroso estar brotando daquele  muro seco, abandonado e despedaçado pelo tempo implacável da destruição de tudo e de todas as coisas.
Projetou a sua vida naquela fantástica e inacreditável força da vida, capaz de encontrar nas piores situações de sobrevivência, a magia e sábia condição para sobreviver.
Hoje, esse homem é uma árvore frondosa,revigorado e pleno de amor e vida no coração e sempre que pode , visita aquela ruela estreita e olha sempre e fixamente, para aquele muro frio inóspito de pedra que, lhe ensinou como a vida não deve se render, em hipótese alguma a nenhuma diversidade e sempre encontra uma brecha para continuar.

10 comentários:

  1. Boa tarde Paulo.
    Muito significativa tua prosa. São os estreitos caminhos que nos ensinam a enxergar com gratidão os vastos horizontes...
    Recordei-me de um poema de Bukowski que amo, diz assim:

    O JEITO QUE ISSO É

    o inferno está lotado ainda

    você sempre pensa que você está
    sozinho.

    e você nunca pode dizer
    a ninguém que
    você está no inferno
    ou eles vão pensar
    que você está
    louco.

    mas ser louco é
    estar no inferno
    e ser sensato
    também.

    aqueles que escapam do inferno
    nunca falam sobre
    isso
    e nada mais
    incomoda eles
    depois
    disso.
    Quero dizer, coisas como
    falta de uma refeição,
    ir para a cadeia,
    bater seu carro
    ou
    mesmo
    morrer.

    quando você perguntar-lhes,
    "como as coisas estão
    indo? "
    eles vão responder: "bem,
    muito bem ... "

    uma vez que você foi para o inferno
    e voltou
    é o bastante, é a
    mais silenciosa celebração
    conhecida.

    uma vez que você foi para o inferno
    e voltou,
    você não olha para trás
    quando o chão
    range.
    o sol está no alto a
    meia-noite

    e coisas como
    os olhos de ratos
    ou um velho pneu
    em um terreno baldio
    pode torná-lo
    feliz.

    uma vez que você foi para o inferno
    e voltou.

    (Charles Bukowski)

    Um abraço, lu.

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    1. OI LUCY MARA,

      muito estreitos são os caminhos e você acertou uma segunda vez quando colocou este característico momento de Charles Bukowski, controvertido, irascível,que pega sempre no tranco enquanto os outros escritores,saem vagarosamente em primeira.

      Bukowski, a bebida, as mulheres, aquela devassidão literária que prende e conquista, foi uma excelente ideia sua tê-lo colocado, por aqui.

      Obrigado.

      Um abração carioca.

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  2. Oi Paulo querido

    A vida é mesmo cheia de surpresas não é mesmo?
    As vezes é de onde menos esperamos que surgem as esperanças em nossas vidas.


    Beijos
    Ani

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    1. ANI,

      é assim!

      Surpresas inesperadas e de repente...o inesperado nos faz uma surpresa !

      Um abração carioca.

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  3. Pronto Paulo,
    estou em dia com a
    minha leitura em relação
    a você.
    Adoro te ler assim
    em serie como faço
    lendo em seus blogs em seguida.
    Bjins

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  4. CATIAHOALC

    sempre simpática e generosa, obrigado!!!

    Um abração carioca.

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  5. dice una frase que la flor más bella es aquella que crece en la adversidad
    abrazos carioca

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  6. MARGA,

    exatamente,são as belas pois, as mais corajosas.

    Um abração carioca,

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  7. São estes pormenores que enchem a alma.

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