COMPANHEIROS.


                                                     


Quando ela disse que o amor enjoava, ele fingiu que não tinha escutado, e continuando nos seus arrepios daquelas palavras contundentes, como se fosse o vulcão Vesúvio cuspindo suas lavas incandescentes de indignações completou dizendo também que, o amor dava muito trabalho.
Tudo que se fala tem um peso, uma necessidade, um valor que pode não ser daquele diamante incrustado em ouro branco de um cordão que repousa no colo daquela mulher, por entre o caminho mágico dos seus seios, mas devem ser ouvidos. Seja o que for!
Afinal, se amar fosse apenas concordâncias irrestritas, momentos quase que mágicos nos quais a boca do estômago sente uma sensação que ninguém sabe o que é, e o peito aperta como se quisesse falar em braile com o coração, a vida seria mais doce que mel.
Seria perfeito sim, mas com muitos mais casos de diabetes.
Então, e caindo na real existem os mais diferenciados momentos nos quais o mel vai se diluindo ou se concentrando cada vez mais, e as variações sobre este tema são muito normais.
O que em geral, falta compreender e que, se pararmos para pensar na primeira estação da afetividade, ou naquela esquina de frente para a rua na qual cobrimos de pedras esmeraldas para enfeitar os caminhos, tão forte quanto o amor é o companheirismo.
Quem só conseguir ficar junto para amar e não souber dar as mãos também, para puxar das profundezas dos sofrimentos e necessidades alheias ou abraçar na dor ou na alegria o outro, não é companheiro, apenas alugou um coração ligeiro para chegar mais depressa e ninguém sabe muito bem, onde.
Em geral fala-se mais do que se pratica e o famoso “estamos juntos”, nem sempre é bem assim, e seria o caso de perguntar-se: -Juntos em que situações, cara pálida!
Ser companheiro no amor e saber dilatar as possibilidades de dar muito mais certo os melhores momentos, pois, quando estes chegam, chegam também com eles as lembranças de que, além de um amor estaremos abraçando uma autentica amizade.
Isto conta demais e deve ser o norte, o horizonte, o ponto futuro de todos aqueles que acreditam que o cinza é a mistura, inexorável das duas outras cores que lhe dão origem: O preto e o branco.
Compreender que as conseqüências do amor serão sempre mais fortes, robustas, densas e verdadeiras quando o companheirismo fica lado a lado, é ser mais do que um egoísta perdido em fantasias egocêntricas que geralmente, excluem o saber dar as mãos quando necessário.
As minhas mãos sempre estarão disponíveis.

A MELHOR OPÇÃO: AMOR!

             

Nossos corpos imitam a vegetação da natureza. Temos rios internos que caminham com a seiva da vida por todas as partes irrigando nossos órgãos. Sobrevivemos então.
E guardamos também dentro de nós muitos vulcões, aparentemente extintos. Apenas aparentemente!
 E o que dizer de uma imensa floresta com nutrientes variados para manter de pé esta árvore da vida que caminha conosco desde o nascimento. Somos árvore, também.
Fortes troncos que sustentam imensas copas de folhas e até flores de tantas e variadas cores.
A vida humana fica sempre refém das integridades das margens dos nossos rios internos que, podem receber muita água em suas nascentes, pelo inesperado de tempestades ocasionais e que, engrossam suas águas e parecem que levarão tudo a perder.
Aquele vulcão sempre sob controle e que, parecia nunca mais iria explodir, um dia começa a fazer muito barulho e dentro de nós tremem todas as nossas convicções que parecem estar sendo engolidas pela nuvem negra de lava expelida em golfadas incontroláveis, da sua cratera enraivecida e exposta.
Nossos imensos buracos de dor!
E possível, também que em torno do tronco que mantém de pé nossas vidas, comecem a vicejar todos os tipos de ervas daninhas que grudam ali, parasitariamente e enfraquecendo toda a nossa saúde, sugando a seiva da alimentação vital da sobrevivência de tantos sonhos construídos e antes, sob a sombra generosa de uma frondosa proteção de verdes folhas de esperanças.
Vamos secando e parece irremediável que, a ação dos ventos fortes das incertezas e contrariedades quebre toda nossa estrutura em um momento de fraqueza.
Seríamos somente isso? Estaríamos sempre condenados e indefesos a qualquer mudança na ecologia dos nossos sentimentos e emoções?
Não, pois é hora de olharmos para o voo dos pássaros!
Necessário de faz então nos desprendermos do solo que está começando a desfazer-se entre brechas secas de um árido momento de desilusão.
Chegou à hora de transcendermos das amarras que nos prendem encurralados no canto escuro de uma situação adversa e com as asas enroscadas nas nossas próprias inseguranças.
É hora de mais uma vez olharmos para o voo dos pássaros.
Então teremos a certeza de que, eles também são parte da natureza como nós, porém distantes das armadilhas que nos prendem aqui embaixo.
É o momento de transcender, romper limites, criar novos espaços e outras tantas possibilidades que abram novas janelas, na infinitude da sua grandeza.
Que o faça voar como os pássaros e ver de cima o que, estava destruindo sua felicidade.
Transcender então seria colocar em ação aquele conjunto de atributos próprios e, ainda escondido nas reservas finais de nossas forças.
É hora de usá-las!

Mas seria de bom tom, de muito boas maneiras, e um ato definitivo de inteligência que, para desprendermos, transcendermos e voar mais alto do que todas as nossas mazelas humanas aceitássemos dar as mãos àquele que conosco voará por todos os céus das nossas novas vidas: Deus.