ENTENDA IDENTIDADE DE GÊNERO E ORIENTAÇÃO SEXUAL.




O termo orientação sexual é relativamente conhecido, e se refere a como nos sentimos em relação à afetividade e sexualidade. Por não se tratar exclusivamente de sexo, o termo mais apropriado talvez seja orientação afetivo-sexual, ou romântica-sexual. Falamos de orientação, e não de opção, porque não é algo que possamos mudar de acordo com nosso desejo.
Existem quatro tipos de orientação afetivo-sexual: os bissexuais se sentem atraídos pelos dois gêneros; os heterossexuais, pelo gênero oposto; e os homossexuais, pelo mesmo gênero. Os assexuados representam um caso singular, uma vez que podem apresentar uma orientação romântica, porém não sexual, direcionada a algum dos gêneros (ou a ambos), ou não apresentarem orientação romântica e nem sexual.
A identidade de gênero, por sua vez, costuma ser menos compreendida. Ao passo que a orientação sexual se refere a outros, a quem nos relacionamos, a identidade de gênero faz referência a como nos reconhecemos dentro dos padrões de gênero estabelecidos socialmente.
Existem dois sexos, mulher e homem, e dois gêneros, feminino e masculino. Embora a maioria das mulheres se reconheça no gênero feminino e a maioria dos homens no masculino, isto nem sempre acontece. Falamos, então, de pessoas cujo sexo biológico discorda do gênero psíquico: são os travestis e transexuais, ou transgêneros.
Existe muita confusão a respeito das relações entre orientação sexual e identidade de gênero, e a verdade é que não existe relação – são coisas completamente independentes. Uma pessoa de sexo biológico feminino pode se enquadrar no gênero masculino e se sentir atraído exclusivamente por homens. Ele seria, então, um homem transexual gay. A tabela abaixo sumariza as possibilidades existentes de orientação sexual e identidade de gênero:
Sexo biológicoGênero psíquicoOrientação sexualComo reconhecemos
MulherFemininoBissexualMulher bissexual
MulherFemininoHeterossexualMulher heterossexual
MulherFemininoHomossexualMulher homossexual
MulherFemininoAssexualMulher assexual
MulherMasculinoBissexualHomem bissexual
MulherMasculinoHeterossexualHomem heterossexual
MulherMasculinoHomossexualHomem homossexual
MulherMasculinoAssexualHomem assexual
HomemMasculinoBissexualHomem bissexual
HomemMasculinoHeterossexualHomem heterossexual
HomemMasculinoHomossexualHomem homossexual
HomemMasculinoAssexualHomem assexual
HomemFemininoBissexualMulher bissexual
HomemFemininoHeterossexualMulher heterossexual
HomemFemininoHomossexualMulher homossexual
HomemFemininoAssexualMulher assexual

Mas as identidades de gênero são muito mais complexas do que esta tabela sugere, uma vez que o que define determinado gênero é mutável e, cada vez mais, flexível.
Uma das concepções errôneas mais freqüentes envolvendo gênero é a de que homens com traços ou gestos considerados femininos são necessariamente gays, ou que mulheres que vestem roupas largas são, com certeza, lésbicas. Esta idéia é geralmente acompanhada daquela segundo a qual homens afeminados queriam ser mulheres, e mulheres masculinizadas queriam ser homens.
O modo de andar, de gesticular, de falar, e a preferência por determinados tipos de roupas ou de atividades não têm, necessariamente, nada a ver nem com orientação sexual, nem com identidade de gênero. Se fôssemos acrescentar cada uma destas características na tabela, a única novidade que teríamos seria o acréscimo da característica escolhida na denominação que já existe. Em outras palavras, nada impede uma pessoa ser uma mulher biológica homossexual que se enquadra perfeitamente no estereótipo feminino.
Enfim, a confusão a respeito de papéis de gênero, orientação sexual e identidade de gênero se deve ao padrão binário,do sim ou não,disto ou daquilo,é isso ou aquilo que temos a mania de querer aplicar a tudo. Mas as possibilidades de expressão humanas não cabem em um sistema como este,ou raciocínio simplista,desta natureza. 

6 comentários:

  1. Bom dia!
    Depois de começar o dia correndo na areia, depois
    me entregando ao mar por
    alguns bons minutos,
    volto pra casa e dou de cara com essa sua nova matéria.
    Pera, vou absorver, depois a noitinha, depois do trabalho
    venho comentar.
    Ok?
    Bjins e bom dia aeee!
    Catiaho Alc.

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    1. Obrigado,

      você sempre atenta e muito generosa,

      Um abração carioca.

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  2. Ola bom dia Paulo. Este texto só revela nossa confusão quanto a sexualidade.
    Puxa vida, esta grade e mais difícil que os cálculos das minhas aulas de economia. Risos...
    Mas como toda verdade tem muito de mentira, o contrario também deve se aplicar.
    Um detalhe acho que posso acrescentar, quem sabe mais um atenuante...
    Euzinha aqui, fui criada com meus irmãos, e brincava com as brincadeiras deles, do tipo subir
    em arvores, pular muros, jogar bola. Claro que depois, eu os fazia de filhos e punha-lhes
    ate vestidos...loll
    A questão da sexualidade neste momento não era tão relevante assim.
    Acho bem que eramos mesmo assexuados.
    Lembro-me que meu avo era contra brincarmos juntos
    "menina brinca com menina e menino com menino"
    A minha vó coitada, ficava danada, pois eu ficava sempre sozinha.
    Então ela fazia-se de desentendida e deixava brincarmos juntos
    Outra diferença entre nós, era o meu gosto pelos livros, coisa que ninguém em casa tinha.
    Meus tios tinham guardados em baus livros e livros... Casaram-se e deixaram na casa de nossos avos.
    E antes dos 15 anos eu tinha lido tudo que tinha de próprio, ou não, para a minha idade.
    Então me pergunto agora, que atitudes determinaram minha opção sexual?
    Quer saber, tem comportamentos tidos como estritamente femininos, como viver retocando a maquiagem, que são chatos.
    Assim como comportamentos masculinos, falar de futebol, e eu francamente não acredito que todos gostem.
    Mas tenho que admitir que gosto de abordagens socio economica.
    Resumindo ...
    Ainda não percebo nestes diferentes comportamentos, atenuantes fortes que definam esta ou aquela tendencia .de genero.
    Se seguirmos todos com rótulos, logo seremos marca de cerveja.
    Valeu muito como exercício Paulo! Sabes que adoro vir te espiar?
    Beijos ao carioca, de sua amiga Gue .

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    1. GUE,

      veja como as diversidades de reflexões pavimentam cada vez mais esta interminável estrada da sexualidade humana.
      Seu comentário trouxe inclusive uma verdade que, muitos não observaram acontecer em si e muitos pais, realmente nem observam em seus filhos e filhas.
      Na verdade até atingir plenamente a puberdade, meninos e meninas tem características de assexualidade muito fortes, sendo verdade também que nas últimas décadas ficaram mais prematuras estas indefinições, pelo fato de que, cada vez mais cedo, os seres humanos se iniciarem sexualmente.
      Acho que ao trazer a narrativa destes fatos você encontrou um outro viés de análise, interessantíssimo.
      E concordo que não devemos nos deixar envolver burocraticamente, pois rotulações, neste caso realmente viraríamos marca de cerveja.
      E sabe o que aconteceria comigo,principalmente neste verão?
      Eu iria me tomar todo (rsrs).
      Um abração carioca e a felicito pelo comentário,MESMO!!!

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  3. Olá, Paulo!
    Mais uma vez este fórum nos faz refletir a respeito de um tema bem atual. É bem complexo o assunto, e nem poderia deixar de ser, já que também é bem complexa a nossa sociedade. Conhecer a diferença entre identidade e orientação pode ajudar-nos a entender melhor toda essa diversidade: sexo biológico, gênero psíquico e orientação sexual, acabando, assim com preconceitos. Na verdade, o ser humano não nasce com regras que lhe são impostas pela cultura onde ele vive, por isso na maioria das vezes quando elas são quebradas por alguém ou alguns grupos causam um estranhamento a outros. Numa escola onde trabalhei, eu e um professor criamos uma oficina que envolvia trabalhos de marcenaria e artes visuais. "Mas as meninas não poderão participar, porque isso é para meninos!", disseram algumas pessoas das instituição. Não concordamos, insistimos e, logo, as alunas mostraram que elas também tinham interesse e habilidade para usarem os materiais e instrumentos próprios da atividade para se expressarem de forma significativa, sem deixar, cada uma, de ser o que era, e, assim, quebrando preconceitos, o raciocínio simplista __como diz o texto de Lívia R. Pinheiro. Parabéns, e abraços. Leíse

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  4. LEISE PAIM,

    fico satisfeito que você tenha reconhecido os êxitos parciais deste fórum de debates.

    Pretendemos e cada vez mais publicar aqui teses de profissionais envolvidos e estudiosos com a matéria.

    Acreditamos que os debates,reflexões irão fazer evoluir e se possível congregar tendências as mais diversificadas, buscando uma síntese satisfatória.

    E lembro aqui, Leise que síntese é muito maior que a soma, pois quando somamos acrescentamos mais unidade à anterior e síntese tem o poder de criar uma nova unidade,um outro valor,independente das anteriores.

    Seu depoimento como educadora, mostra como os preconceitos são deploráveis, divisionistas e indesejáveis, e o envolvimento das meninas nas atividades escolares mencionadas, certamente criaram um exemplo de que era só mesmo, puro preconceito.

    Um abração carioca.

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