Andava por uma rua estreita, destas que parecem terem sido
abertas como atalhos para vidas pequenas e de corpos infelizes, inexpressivos,
sem vontades ou perspectivas do amanhã.
Caminhava por uma ruela de solidão da alma e de uma vida que
não acreditava mais nos arco-íris das possibilidades de uma felicidade plena e
que, pudesse vir embrulhada para presente e entregue pelo carteiro da sua
imaginação na sua casa agora, desencantada pelas ruínas do abandono.
Estava sôfrego e respirava como se aquela fosse a última,
antes da inevitável parada de todos os seus sinais vitais que o mantinham ainda
de pé no mundo que tinha um céu sombrio e com nuvens tão ameaçadoras de
infelicidades que, se caíssem sobre sua cabeça o inundariam do seu próprio
desejo de afogado nelas. Como se a natureza viesse a lhe prestar um favor, um
derradeiro favor em vida.
Seus pés pesavam toneladas de desmotivações e suas pernas
balançavam sem sentindo e ali estava um ser humano pego pelo inesperado do
desamor que, agora lhe fizera uma surpresa.
Sentou-se no meio fio e olhou fixamente para um muro e
observou que, entre as fendas de cimento quebrado nascia uma plantinha, muito verde,
de aspecto forte e na sua ponta algo como um pequeno botão ainda em formação e
que, certamente, dentro de algum tempo iria explodir em flor.
Que extraordinário, pensou. Como poderia aquele mínimo
arbusto vigoroso estar brotando daquele
muro seco, abandonado e despedaçado pelo tempo implacável da destruição
de tudo e de todas as coisas.
Projetou a sua vida naquela fantástica e inacreditável força
da vida, capaz de encontrar nas piores situações de sobrevivência, a magia e
sábia condição para sobreviver.
Hoje, esse homem é uma árvore frondosa,revigorado e pleno de amor e vida no coração e sempre que pode , visita aquela ruela estreita e olha
sempre e fixamente, para aquele muro frio inóspito de pedra que, lhe ensinou como a vida não deve se
render, em hipótese alguma a nenhuma diversidade e sempre encontra uma brecha para continuar.
Boa tarde Paulo.
ResponderExcluirMuito significativa tua prosa. São os estreitos caminhos que nos ensinam a enxergar com gratidão os vastos horizontes...
Recordei-me de um poema de Bukowski que amo, diz assim:
O JEITO QUE ISSO É
o inferno está lotado ainda
você sempre pensa que você está
sozinho.
e você nunca pode dizer
a ninguém que
você está no inferno
ou eles vão pensar
que você está
louco.
mas ser louco é
estar no inferno
e ser sensato
também.
aqueles que escapam do inferno
nunca falam sobre
isso
e nada mais
incomoda eles
depois
disso.
Quero dizer, coisas como
falta de uma refeição,
ir para a cadeia,
bater seu carro
ou
mesmo
morrer.
quando você perguntar-lhes,
"como as coisas estão
indo? "
eles vão responder: "bem,
muito bem ... "
uma vez que você foi para o inferno
e voltou
é o bastante, é a
mais silenciosa celebração
conhecida.
uma vez que você foi para o inferno
e voltou,
você não olha para trás
quando o chão
range.
o sol está no alto a
meia-noite
e coisas como
os olhos de ratos
ou um velho pneu
em um terreno baldio
pode torná-lo
feliz.
uma vez que você foi para o inferno
e voltou.
(Charles Bukowski)
Um abraço, lu.
OI LUCY MARA,
Excluirmuito estreitos são os caminhos e você acertou uma segunda vez quando colocou este característico momento de Charles Bukowski, controvertido, irascível,que pega sempre no tranco enquanto os outros escritores,saem vagarosamente em primeira.
Bukowski, a bebida, as mulheres, aquela devassidão literária que prende e conquista, foi uma excelente ideia sua tê-lo colocado, por aqui.
Obrigado.
Um abração carioca.
Oi Paulo querido
ResponderExcluirA vida é mesmo cheia de surpresas não é mesmo?
As vezes é de onde menos esperamos que surgem as esperanças em nossas vidas.
Beijos
Ani
ANI,
Excluiré assim!
Surpresas inesperadas e de repente...o inesperado nos faz uma surpresa !
Um abração carioca.
Pronto Paulo,
ResponderExcluirestou em dia com a
minha leitura em relação
a você.
Adoro te ler assim
em serie como faço
lendo em seus blogs em seguida.
Bjins
CATIAHOALC
ResponderExcluirsempre simpática e generosa, obrigado!!!
Um abração carioca.
dice una frase que la flor más bella es aquella que crece en la adversidad
ResponderExcluirabrazos carioca
MARGA,
ResponderExcluirexatamente,são as belas pois, as mais corajosas.
Um abração carioca,
São estes pormenores que enchem a alma.
ResponderExcluirHELENA,
ResponderExcluirconcordo!
Um abração carioca.