Andava por uma rua estreita, destas que parecem terem sido
abertas como atalhos para vidas pequenas e de corpos infelizes, inexpressivos,
sem vontades ou perspectivas do amanhã.
Caminhava por uma ruela de solidão da alma e de uma vida que
não acreditava mais nos arco-íris das possibilidades de uma felicidade plena e
que, pudesse vir embrulhada para presente e entregue pelo carteiro da sua
imaginação na sua casa agora, desencantada pelas ruínas do abandono.
Estava sôfrego e respirava como se aquela fosse a última,
antes da inevitável parada de todos os seus sinais vitais que o mantinham ainda
de pé no mundo que tinha um céu sombrio e com nuvens tão ameaçadoras de
infelicidades que, se caíssem sobre sua cabeça o inundariam do seu próprio
desejo de afogado nelas. Como se a natureza viesse a lhe prestar um favor, um
derradeiro favor em vida.
Seus pés pesavam toneladas de desmotivações e suas pernas
balançavam sem sentindo e ali estava um ser humano pego pelo inesperado do
desamor que, agora lhe fizera uma surpresa.
Sentou-se no meio fio e olhou fixamente para um muro e
observou que, entre as fendas de cimento quebrado nascia uma plantinha, muito verde,
de aspecto forte e na sua ponta algo como um pequeno botão ainda em formação e
que, certamente, dentro de algum tempo iria explodir em flor.
Que extraordinário, pensou. Como poderia aquele mínimo
arbusto vigoroso estar brotando daquele
muro seco, abandonado e despedaçado pelo tempo implacável da destruição
de tudo e de todas as coisas.
Projetou a sua vida naquela fantástica e inacreditável força
da vida, capaz de encontrar nas piores situações de sobrevivência, a magia e
sábia condição para sobreviver.
Hoje, esse homem é uma árvore frondosa,revigorado e pleno de amor e vida no coração e sempre que pode , visita aquela ruela estreita e olha
sempre e fixamente, para aquele muro frio inóspito de pedra que, lhe ensinou como a vida não deve se
render, em hipótese alguma a nenhuma diversidade e sempre encontra uma brecha para continuar.